sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Entrevista - Rafael Russo

“Tudo que fazemos é por amor ao skate” essa pequena frase já resume bem os pensamentos do nosso entrevistado do mês. Skatista profissional e empresário vem fazendo um enorme sucesso com suas marcas e talvez o segredo esteja na frase à cima.
Um dos principais nomes do skate brasileiro nas ultimas décadas continua se dedicando e fazendo cada vez mais para e pelo o skate, confira como foi nosso papo com Rafael Russo entrevistado do mês no Skate Saúde.
Nome: Rafael Russo
Idade: 31 anos
Tempo de skate: 24 anos
Local: Esteio - RS
Patrocínio: Liga Trucks e Hagil Wheels

SS- Fala Russo, para começar gostaríamos de saber como anda o skate em sua cidade atualmente?
Atualmente Esteio esta bem precária, a pista da cidade esta abandonada pela prefeitura, foi mal construída.
Em relação aos skatistas esta muito bem, mesmo sem apoio da prefeitura na reforma da pista tem muita gente andando bem, Esteio sempre revelou muitos skatistas e vejo hoje com grande futuro o Tales da Silva que tem apoio da Liga Trucks e o Patrick Vieira.

SS- Você foi um dos skatistas que teve maior vinculo com uma marca, qual a sua dica para tentar não desgastar esta relação skatista X marca?
Acho que o skatista é um funcionário da marca e deve dar um retorno para ela, ele tem que saber que representa a marca na rua, que muita gente vai comprar os produtos por causa dele então manter uma imagem positiva é fundamental.
Acredito muito que o skatista pode ser usado como uma ferramenta de marketing dentro das empresas, tanto para explorar a imagem dele como usar ele em pesquisas e desenvolvimento de produtos.
Sempre busquei fazer isso dentro das marcas que tive, acho que por isso foi uma relação boa e longa.

SS- Como foram as temporadas que você passou na Europa e quais as principais lições que aprendeu por lá?
Foram as maiores experiências que tive, tanto para o skate como para a vida. Viajar e conhecer lugares novos é a melhor coisa que se pode fazer, ainda mais se para andar de skate.
Cada tour que fiz teve seu valor, voce passa por situações complicadas e acaba se virando como pode, aprende a conviver melhor com as pessoas fortalecendo a amizade.

SS- Você teve importantes participações nas etapas do Circuito Mundial, como você costuma encarar os campeonatos?
Acho importante os campeonatos para a divulgação do skate para novas pessoas, alem de ser uma forma de reunir grandes skatistas.
Mas isso nunca foi meu forte e nem minhas prioridades no skate, sempre preferi sair na capa da revista do que ganhar campeonato, isso fica marcado para sempre.

SS- Atualmente os campeonatos vem ganhando novos formatos e de certa forma perdendo um pouco de força, principalmente no que diz respeito a categoria profissional, o que poderia ser feito para mudar este quadro?
Na verdade acho que falta as federações e confederação irem atrás de empresas fora do mercado de skate, falta eles fazerem um evento bem estruturado e com retorno para estas empresas para que elas invistam no projeto.
Uma marca de skate fazer um evento deste porte é muito caro, este valor pode ser revertido em outras ações de marketing que vão ter um retorno muito melhor.
 Minha opinião é que deve-se fazer um projeto grande que vai dar um retorno satisfatório para empresas de fora do segmento.

SS- Hoje alem de skatista profissional você é empresário, como conciliar estas duas carreiras que necessitam de grande disponibilidade de tempo?
É complicado, no inicio achei que seria mais tranquilo. Alem disso tudo estou fazendo uma pós-graduação, então esta mais corrido ainda, mas procuro estar sempre andando de skate e mantendo a forma com outros exercícios.
Tem dias que largo tudo e vou andar de skate, isso ajuda a melhorar a mente e o rendimento.

SS- Você encabeça duas marcas relativamente novas no mercado a Liga Trucks e a Hagil Wheels, mas que já tem um grande reconhecimento neste curto espaço de tempo, como surgiu a ideia de criar as marcas e como tem sido a aceitação dos skatistas a estas novidades?
É uma coisa que vem na cabeça desde pequeno, até por experiência própria dentro das marcas onde tive patrocínio, marcas que são comandadas por pessoas que nunca andaram de skate, que não valorizam o skate e o skatista, pessoas que só estão para sugar o skate e ganhar dinheiro. Nosso objetivo é outro, fazer o skate crescer, dar condições de outros skatistas viverem o que eu já passei com o skate, tudo que fazemos é por amor ao skate.
Hoje quem fabrica os trucks da Liga são skatistas, o cara que esta pintando o truck é skatista, o cara que esta dando acabamento no truck é skatista, nossas marcas respiram e vivem skate.
Já ouvi de um empresário do meio a seguinte frase “não acredito mais no skate”, isso foi uma das coisas que ouvi e que me deu mais força para fazer as marcas acontecerem, afinal minha vida é skate.

SS- Como skatista, quais as principais dificuldades que você encontrou durante todo este tempo dedicado ao skate?
O que mais incomoda são as lesões, ficar muito tempo sem andar quando esta machucado é o mais complicado.

SS- Agora como empresário, quais as principais dificuldades para viabilizar e tocar uma marca de skate?
São muitas, ainda mais quando se esta no começo, cada dia é uma batalha. Fazer a fabrica funcionar, produção, vendas, marketing e tudo isso alinhado com o financeiro é complicado, mas muito gratificante, um desafio novo na minha vida.

SS- Hoje com mais experiência, como você encara o trabalho de preparação física e reabilitação para skatistas?
Sempre procurei me cuidar e ter uma preparação para andar de skate, fiza muita natação, musculação, corrida.
Hoje em dia faço Crossfit, um esporte novo que tem como principio movimentos funcionais, esta sendo muito bom para andar de skate.
Alem disso procuro me alimentar bem e manter um peso ideal para andar de skate.
 
SS- O skate gaucho vem crescendo a cada dia, tanto com novas safras de excelentes skatistas como em pistas e o mercado como um todo, a que se deve este avanço e fortalecimento da cena ai no sul?
O skate aqui no sul sempre foi forte, sempre teve muita gente andando. Teve toda uma geração que puxou uma evolução e serviu de exemplo para os mais novos, a pista do IAPI é fundamental para a evolução do skate aqui no sul, assim como as marcas, lojas e a FGSKT que fazem um trabalho muito importante na evolução do skate aqui.

SS- Quem são os novos nomes que vem se destacando ai no sul e tem tudo para explodir em breve?
Tem bastante gente andando bem, Bruno Silva “Melão”, Tales da Silva, Patrick Vieira, alem de alguns já conhecidos como Djorge Oliveira e Alexandre Vaz.

SS- Uma manobra, capa de revista, parte de vídeo, colocação em campeonato, se tivesse que escolher um momento especial seu no skate, qual você escolheria?
Gosto de varias fotos que foram publicadas, mas a primeira capa que foi na 100% um FS Nose Grind em um corrimão em tranco foi a que mais marcou, alem da primeira parte em vídeo quando ainda era amador no Chiclé VM #13.

SS- Qual a sua opinião sobre a participação do skate nas Olimpíadas e qual a sua opinião sobre massificação do skate atualmente?
Acho que o skate naturalmente vai ganhando proporções gigantescas, acho que por um lado pode ser bom o skate nas Olimpíadas, isso vai abrir espaço para as marcas de fora do segmento para patrocinar os skatistas.
Hoje em dia as marcas de skate não conseguem absorver tantos talentos que surgem no Brasil, por esse lado seria bom, mas acho que falta uma profissionalização maior de todos, tanto empresários como dos skatistas.

SS- Quais os planos para o futuro?
Andar muito de skate e buscar evoluir sempre.

Agradecimentos: Toda a família Liga Trucks e Hagil Wheels, Frederico Naroga e Diego Sarmento por acreditarem no projeto, minha família e calro Bruna Petrillo. Valeu Skate Saúde pela oportunidade.

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