quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Entrevista - Rogerio Mancha

Mais um ano que termina, um ano muito bom para o Skate Saúde com muitos atendimentos, parcerias com a CBSK e algumas grandes empresas do mercado e principalmente a participação em alguns dos melhores eventos de skate do Brasil. Neste ultimo post do ano, apresentamos uma entrevista com uma lenda viva do skate brasileiro, um skatista que sempre foi sinônimo de evolução tanto no vertical como no street e hoje continua colaborando e muito na evolução não só das manobras, mas também na evolução do mercado no qual ele cresceu e se criou, realizando pesquisas cientificas e fazendo um excelente trabalho como team manager. O entrevistado do mês no Skate Saúde é Rogério Manõsa o “Mancha” que fez parte do inesquecível time da Citystars e que agora comanda as ações da Element aqui no Brasil, confira agora a entrevista e um feliz 2011 a todos.

Nome: Rogério Soares Manõsa
Idade: 34 anos
Tempo de skate: 24 anos
Local: São Paulo/ SP
Patrocínio: Element

SS- Fala Mancha, para começarmos gostaria de saber como foi seu primeiro contato com o skate, suas influencias e motivações para começar a andar?
Meu primeiro contato com o skate foi em um episódio do seriado Chips, acredito que tinha oito anos na época, era viciado no seriado Chips até do fan clube eu era. Me lembro que com dez anos eu fui passar um natal na casa de um primo meu de segundo grau,nesta época também era viciado em Playmobil e Comandos em Ação estava brincando ,criando guerras imaginarias, quando meu primo abriu um presente que ele tinha ganho de natal, um skate, lembro na hora que larguei os brinquedos e fui ver o skate. No dia seguinte lembro de acordar cedo e irmos tentar andar no skate, nesta época estava pleiteando um minibug, mas o ano de 86 começou diferente queria um skate. Lembro que fui em uma demo do Hosoi nesta época, que teve na Faria Lima e ainda não tinha meu skate, meu pai até tentou me dar o minibug, que era o desejo da criançada mas não rolou. Em Abril de 86 meu pai comprou um skate, um skate bem zoado, mas era um skate novo, lembro que dormia com ele, não deixava estragar se saia à tinta eu pintava com nanquim, e comecei a ver que tinha mais skatistas no meu bairro, na verdade tinha uns oito, começamos a criar nosso crew, rampas de madeira, passamos o dia inteiro criando competições, imaginando com era o skate em outros lugares, não havia internet lógico e ai vieram as primeiras idas a pistas etc. O resto é historia!

SS- E o skate vertical, como começou a vontade de encarar as transições enormes e no que isso te deu base para o skate atual?
Nos oitenta, skate para mim era transição, eu fiquei sabendo desta pista em Pinheiros chamada QG, era uma espécie de clube, quando meu pai percebeu que eu gostava muito de skate, entrou de cabeça e me levava toda a semana numa loja que existe até hoje em Pinheiros chamada “Todas as Ondas” que foi importante para minha historia no skate, pois lá era a o núcleo do skate no bairro, tinha uma rua ao lado que lotava todos os sábados de skatistas, meu pai comprava peças, queria saber onde eu podia treinar, comprava revistas etc. E ai perto da loja ficava o QG. Meu pai me levava todo o sábado, e quem conhece meu pai sabe como ele é comunicativo, não demorou uma semana para ficar local da pista, lá eu entrava antes de abrir etc. Era uma pista freqüentada pelo Bruno Brow, Salada, Formiga e o mestre dos Banks Cuca, o Dani Milare entre outros. Comecei a andar em Banks, e comecei a ter novos amigos como o Geninho, o Cuca e passava dias, meses lá, e a evolução foi um passo. Depois vieram os patrocínios, novas pistas como a Ultra, Prestige, Top Sport, novos amigos e o auge da Miniramp, onde junto com o Geninho, estávamos sempre procurando novas manobras para incluir nas rotinas. Tudo isso foi intenso meu primeiro patrocino foi em 88 com a Dani Designers, desde 88 no skate, o mercado esta na minha vida.

SS- Você foi um dos primeiros skatistas brasileiro a sair da rotina de correr campeonatos e começar a se dedicar a filmar, fazer fotos e demos, conseqüentemente você foi um dos pioneiros e sair do Brasil, quais foram os primeiros países que você conheceu e como foi morar um tempo nos EUA?
Eu fui em 91 para Barcelona, Portugal e Marrocos com a escola onde eu estudava que era um colégio espanhol, já andava de skate, mas era o único skatista na escola, não rolou de levar o skate até tinha visto uma pista em Lisboa. Mas em 93 eu fui para o famoso mundial de skate em Münster e na seqüência para eventos na Bélgica e Inglaterra. Foi um baque, um choque cultural e de mercado, eu digo que tive em relação ao skate, estávamos atrasados, não sabíamos o que acontecia nestes lugares, na verdade tínhamos nossa própria visão do skate, uma visão brasileira. Ai quando voltei para o Brasil decidi que era a hora de mudar, me dedicar a evolução, vídeos, larguei o vert onde na verdade não estava vendo evolução. Comecei a me dedicar ao street, a nova onda do switch, e ai comecei a ir com uma certa freqüência para os EUA, todo o ano desde 97, para gravar, fazer novas fitas sponsor me tape e também para ter imagens boas nos vídeos Chiclé, Silly Society entre outros.
SS- Por falar em EUA, você fez parte da Citystars uma das mais influentes marcas do skate americano encabeçada por ninguém menos que Karen Campbell, e tinha como companheiro de equipe o até então desconhecido P.Rod, como foi esta fase no seu skate e quais as melhores recordações desta época?
Foi à concretização de um sonho, lembro que estava em 98 com o Ale Vianna em Vancouver, no auge do meu skate e conheci os caras da Menace e 101. Pensei que legal estar com estes caras que pensam no skate que eu gosto evolução, filmar, imagem de marca coisas que ainda não era o foco no Brasil. Nesta época conheci o Chad Muska, que depois fiquei sabendo que foi um cara que me deu um help na historia da Citystars. Estava em 99 nos EUA, depois de uma boa tour na Europa onde me destaquei nos eventos, naquela época os eventos ainda eram uma coisa legal e de destaque no mercado. Eu tinha sido convidado para um evento e aproveitei para gravar mais coisas e mandar algumas fitas para algumas marcas. Foi ai que fiquei sabendo que o pessoal da Dwindle estava me procurando, foi tudo muito rápido, fiquei em segundo no campeonato, entrei na equipe, um dia depois estava indo filmar com o Sócrates e o Erik Pupecki. Voltei para o Brasil, e no ano seguinte estourei meu joelho numa sessão de fotos para uma possível entrevista para a Transworld. Depois entraram todos estes moleques que iriam mudar a historia do skate, Paul Rodriguez, Mike Taylor, Spanky, Devine. Foi uma experiência incrível, digo que foi minha faculdade no skate, como gerir, direcionar uma equipe, vivi intensamente o mercado americano. Foram anos incríveis, três anos de muito skate.

SS- Como foi ter uma parte no Street Cinema, famoso vídeo da Citystars, e o que você aprendeu com eles durante o processo de gravação e lançamento deste vídeo?
Na real eu filmei minha parte em um mês e meio, depois que voltei da cirurgia, cheguei aos EUA em fevereiro e já no primeiro dia estava filmando juntos com todos da equipe, foi difícil na verdade, muita gente me fala da minha parte, mas eu não gosto dela não pude evoluir, me dedicar ao skate que eu gosto, nesta época começou aflorar na minha cabeça algumas idéia de misturar street e vert, mas isso ainda não era uma coisa cool na época. Ao mesmo tempo estava com medo de me machucar de novo. Mas engraçado que muita gente curtiu até mesmo lá fora, estes dias estava na Maze, já faz tempo e o pessoal da Baker estava lá, quando Brando Sanfrasnki, veio até mim e falou “cara lembro-me de você no filme da Citystars,curtia muito o seu role”, e sempre que viajo, a pouco tempo mesmo estava no Peru e vieram me falar da época da Citystars, hoje eu valorizo muito, talvez não seja a época do meu melhor nível de skate por vários motivos, mas foi verdadeiro. Aprendi muito como fazer uma parte de skate, iria sair o segundo vídeo chamado Terror Squad, estava melhor, evoluindo com mais segurança, foi quando a marca saiu do mercado e as imagens se perderam em algum HD, uma até foi para o especial do Brasil no 411VM. Mas todas estas lembranças estão na minha memória, a premier, as trips, os dias dedicados a voltar uma manobra, o role com o Paul vendo o moleque evoluir num ritmo absurdo.




SS- Atualmente alem de skatista profissional você é team manager da Element, como é a sua rotina de trabalho e qual o seu papel dentro da empresa?
Acredito que para ter sucesso você tem que gostar do que faz, Steve Jobs não criou a Apple para ganhar dinheiro e sim para ter um computador que o satisfaça, o mesmo com o criador do facebook, Mark Zuckeberk, ele criou uma ferramenta para poder se socializar com outras pessoas, eu estou na Element pelo skate. A Element é uma marca que nasceu do sonho de um skatista, Johnny Shilleref, de ter uma marca que representasse seus ideais. Tudo que se relaciona com o skate na Element e sua cultura passa por mim, acabo sendo o consultor sobre o mercado, situação do skate no Brasil. Eu não tenho uma rotina de trabalho e sim trabalho, digo penso no skate 24 horas do meu dia. No fundo tudo que eu faço tem um encontro e propósito de relação com o skate. Hoje temos uma equipe muito boa, somos uma família onde curtimos muito andar de skate e todas nossas tours são divertidas, pois somos amigos.

SS- A Element nos últimos anos vem fazendo ações diferenciadas como o “Have a Dope Day”, o circuito Element de novos talentos, a pista em formato de pinball, a escultura dentro da Transfer entre outras coisas, como é fazer parte destes projetos e de que forma você contribui para que tudo isso aconteça?
Foram projetos incríveis, na verdade o segredo destes projetos é saber que no final o skate e eu vamos usufruir dessa história. O pinball foi uma idéia do Cebola, eu só ajudei em alguns detalhes de como ia ser a pista e como poderíamos utilizar a pista. A Transfer foi diferente, o Pexão veio até mim sabendo que a gente tem apoiado muito a cultura do skate, para a equipe da Element fazer parte da exposição foi muito legal. Já o Have a Dope Day foi uma idéia toda minha, uma tour sem demos, sem agenda, liberdade de andar de skate e este projeto ainda não acabou. Eu sempre estou pensando em algum projeto, idéias não faltam e isso é bom, pois ainda vamos fazer muita coisa.

SS- Você passou um bom tempo na Espanha produzindo o vídeo Visca! e até viveu um momento histórico que foi ver a seleção de futebol espanhola ganhar a Eurocopa, quais as principais lembranças que você tem desta viagem?
O projeto Visca foi outra história que eu imaginei. Fazer um vídeo que retratasse o estilo de vida de Barcelona e o skate inserido neste contexto. Meu avo é catalão, meu pai também, eu estudei a vida inteira em um colégio espanhol em São Paulo. Lembro de acompanhar todos os jogos da Espanha, algumas vezes pegava meu skate e ia até um bar cheio de catalães, foi à melhor viagem que fizemos, ficamos somente em Barcelona. O Granja foi fundamental para a realização do projeto, pois ele captou a idéia do vídeo e acabou saindo um vídeo diferente do estilo Duotone, que também é muito foda. Tínhamos uma boa estrutura e isso foi fundamental, esta idéia começou na segunda edição do “Skt na Estrada”, pois a equipe vencedora ganharia as passagens para Barcelona. Neste dia eu falei “a nossa tour começou aqui vamos ganhar e pronto”. Visca Barcelona!

Nosegrind

SS- A Espanha é um grande centro da moda, também um grande centro artístico-cultural do mundo e nos últimos anos se tornou sonho de consumo de todos os skatistas, fale para nós sua visão sobre o skate como arte e as influencias do skate no mundo da moda?
Skate é arte, brigo muito ainda sobre isso com pessoas que não andam de skate. Não somos atletas e tudo que existe em teoria para o marketing esportivo no skate é diferente, o skate esta muito ligado a música, arte, moda. Lembro de um filme sobre a história de um artista de rua, Basquiat, ícone da arte pop. Ele via a rua como uma grande onda, hoje fazemos parte das cidades, duvido que qualquer cidadão não fique um dia sem ver um skatista passando pela rua. Antes da internet, blogs, reiteres, facebooks toda as tendências estavam na rua e como vivíamos na rua, a gente pegava estas idéias e modificava elas para nosso universo. A arte nos decks, a música que escutamos para andar de skate tudo isso sustenta o quando o skate é arte.

SS- O que você achou sobre o documentário “Make it Count”, e porque projetos como este não são realizados no Brasil?
Make it Count conta a história de uma marca verdadeira e quanto ela é importante para o skate, é isso que me motiva a estar na Element, pois acredito que através destas ferramentas, no caso a Element pode ser importantíssima para a história do skate no Brasil, uma marca que cresce a cada ano. Hoje vivemos uma cultura globalizada onde multinacionais estão aprendendo como ingressar em certos mercados, vivo do skate há 24 anos e o skate vai ser meu palco de vida até o final. Então sei o quando marcas como a Element, Adidas, Nike, Dc entre outras que vieram de fora são importantes, pois são marcas que querem que o mercado cresça. Sobre documentários fica a cargo de cada marca contar sua história, a história da Element se confunde com a evolução do skate, sempre curti a marca e hoje é um prazer fazer parte desta história aqui no Brasil.

SS- Por falar em vídeo você foi um dos personagens do “Dirty Money”, como foi participar deste projeto e principalmente fazer parte desta geração que revolucionou e que revoluciona o skate brasileiro até hoje?
Foi demais, é a história da minha infância, dos meus amigos. Muita coisa aconteceu e poucas pessoas sabem o quando a gente lutou para ver o skate hoje num nível melhor na verdade esta luta não acabou, pois nossa geração vai conseqüentemente assumir papeis importantes na indústria e aí vai ser uma revolução, pois nossa geração nunca desistiu e sempre acreditou na evolução de forma positiva. Eu continuo andando de skate até hoje, e penso do mesmo jeito de quando eu era moleque. Todos os méritos do projeto vão para o Ale que desde cedo sempre pensou no futuro, criar uma plataforma que pudéssemos divulgar nosso skate a Cemporcento Skate Mag,ele deu a largada nesta evolução. Valeu Ale!




SS- Você é um dos skatistas mais conceituados do Brasil e sempre teve sua imagem associada a grandes marcas aqui do Brasil e por muitos anos, como você enxerga o relacionamento entre skatista e marca?
Eu fiz parte da Lifestyle uma das principais marcas do skate dos anos 80, minha escola já começou nos anos 80. A Lifestyle sempre escutou muito os skatistas da marca. Mas nos anos 90 isso mudou um pouco. Eu tenho uma analogia boa sobre isso o grande segredo do mundo é saber como os furacões surgem e como eles atuam, e tentam de todas as formas jogarem umas bolinhas dentro desses furacões, o furacão é nosso mercado e nós skatistas estamos dentro dele. A melhor informação vem da gente, sabemos o que acontece em nosso mercado, mas sempre existem gênios de marketing e administração querendo dar palpite sobre a próxima tendência. Eu li uma entrevista do Naroga da Converse aqui, falando que devemos valorizar skatistas que fizeram a história do skate no Brasil e concordo com isso. Lembro que sempre valorizei o mercado brasileiro, fui da Crail durante anos, quando decidi voltar para o Brasil para ajudar a valorizar nossas marcas o Sergio me mandou embora aos 28 anos e me falaram que eu já estava velho para andar de skate e se eu tinha uma plano B, que ele poderiam me ajudar em termos. Hoje vivo minha melhor época no skate e muito disso veio da relação com uma marca americana, que nunca soube da minha história, mas acreditou no meu potencial. Sou muito grato a Element e outras marcas que me patrocinaram, muitos amigos meus que também possuem uma vida bem melhor hoje depois de anos se relacionando com as marcas brasileiras. Acredito no mercado brasileiro, mas as marcas brasileiras precisam acreditar em seus skatistas e saberem que ao pagar uma tour estão investindo em sua própria marca e não como já ouvi, que estamos tirando o dinheiro das férias de seus filhos na Disney.

SS- Por falar em patrocínios, você fez um trabalho acadêmico falando sobre o seu atual patrocinador a Element, qual foi o objetivo deste estudo e como foi a repercussão dele tanto no meio acadêmico como dentro da empresa?
Quando entrei na Element, percebi que sempre tinham pessoas novas trabalhando e não existia nenhum trabalho que falasse sobre a história da Element e o mercado do skate. Eu tirei 10 com louvor, foi muito legal que o orientador deste trabalho no primeiro dia de aula pediu que cada aluno se apresentasse, quando chegou minha hora falei que meu nome era Rogério, que andava de skate, aí o professor Maurício Jacques que era um grande fã meu e que andava de skate e até tentou realizar alguns trabalhos acadêmicos sobre skate me deu uma força, até hoje o trabalho ainda é usado na Element, este ainda é o primeiro de muitos que quero realizar e provar academicamente que nossos pensamentos ainda são diferentes em relação a outros esportes.

SS- Você é um dos skatistas com formação acadêmica que vem correndo o Circuito Universitário de Skate, inclusive ganhando uma das etapas deste ano, qual a sua opinião sobre este circuito e principalmente sobre a grande quantidade de skatistas que alem do skate vem se dedicando aos estudos?
Eu sempre gostei de estudar e sempre fui bom aluno, e hoje estudo muito mais, pois gosto de marketing. Percebi que poucos possuíam diplomas, na verdade conhecemos nosso mercado, mas como já disse nossas idéias algumas vezes não são valorizadas e no período que ficamos nas ruas, indo para campeonatos, vivendo o skate na outra via, tinha uma pessoa estudando, mas sem conhecer nada do mercado e esta mesma pessoa seria depois de formada uma das pessoas que estaria trabalhando no nosso mercado em algumas marcas só por causa de um diploma. Já que diploma da credibilidade por que não estudar, hoje estou só no começo do meu projeto. Ano que vem começo meu MBA,e ainda quero dar aula e propagar nossas cultura para outros muros.
O circuito universitário é um circuito bem legal, acredito que ele vai crescer muito e valorizar muito o skate, este ano nem imaginava que ainda ganharia um campeonato e acabei ganhando dois, e o mais curioso disso tudo que foram minhas únicas vitorias em campeonatos profissionais.

BS Smith

SS- Em todos estes anos no skate o número de lesões deve ser grande, quais as principais lesões que você sofreu e atualmente vem fazendo algum trabalho de condicionamento físico?
Já quebrei o braço, torci o pé, mas acredito que a pior foi a do joelho. Fiquei quase um ano sem andar. Durante muitos anos fiz bastante academia, mas hoje vivo igualzinho quando era moleque, o skate é meu preparo físico (risos) não tem funcionado muito, mas gosto bastante de natação e no próximo ano pretendo voltar a nadar.

SS- Você realizou o sonho de todo o skatista que é ter uma pista em casa, como foi o processo de construção dela e de que forma ela entra no seu cotidiano?
Eu sempre sonhei em ter uma pista, o Daniel Arnoni que acho que é o melhor cara para construir pistas no Brasil, construiu em casa, é um miniramp com block, ele fez tudo e cuidou do projeto que ficou demais. O Billy Argel junto com o Danielone fizeram a arte, só amigos, todo o dia eu a vejo e me motivo a fazer mais pelo skate, para construir quem sabe um dia, na verdade tenho certeza, uma pista maior como o Berrics.

SS- O que você acha que ainda falta para melhorar o mercado brasileiro de skate?
Escutarem os skatistas e valorizarem a peça fundamental desde jogo que é o skatista.

SS- E para finalizarmos onde você acha que esta o futuro do skate?
O futuro do skate esta nos skatistas, carregamos o segredo e cada um tem o seu.




Agradecimentos: São inúmeras pessoas nesta vida toda, a todos meus amigos, minha família, meus pais e a todos que tornaram minha vida uma vida feliz onde faço o que gosto e vivo para o skate. ANDE E ENTENDA !!!!!

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Brasil Skate Camp - 10° temporada

Final de ano se aproximando, hora da tradicional troca de presentes natalinos e também das tão esperadas férias escolares, período em que as crianças e adolescentes, podem se dedicar única e exclusivamente a andar de skate e se divertir.
Hora também de viajar, conhecer novos lugares, fazer novas amizades e recarregar as energias para o novo ano que se inicia. Agora imagine ganhar um presentão de Natal que te possibilite fazer tudo isso em um só lugar?
Vai começar a 10° temporada do Brasil Skate Camp, o primeiro acampamento de skate do Brasil, que acontece de 12 a 15 de janeiro de 2011. Um projeto inovador e surpreendente desenvolvido para aqueles que gostam de skate.


Foi criada uma estrutura e programação especial onde os participantes poderão praticar seu skate em quatro diferentes áreas, sendo 3 pistas de “street”, 1 praça “Skate Plaza” e uma mini-ramp. Na programação acontecem campeonatos, desafios, demos (apresentações realizadas por atletas profissionais e amadores convidados), oficinas e jogos.
Além de se divertirem muito, os acampantes aperfeiçoam “seu skate”, aprendem novas manobras e principalmente fazem novos amigos, tudo isso num ambiente seguro e sob o acompanhamento de uma equipe de profissionais qualificados e experientes.
A equipe é composta por um Coordenador (Cris Fernandes, educador e skatista profissional), Assistente de Coordenação (Betina Gertner, psicóloga e educadora, com vasta experiência em coordenação dos acampamentos no clube A Hebraica), instrutores de skate, monitores e um médico.



O principal atrativo desta nova temporada é a inauguração da nova Skate Plaza, toda em concreto e mármore com obstáculos de rua perfeitos seguindo as tendências das melhores praças de skate do mundo.
O local onde ocorrerá a 10° temporada do Brasil Skate Camp é o Acampamento Vip’s (Sorocaba – SP), acampamento filiado a ABAE (Associação Brasileira de Acampamentos Educativos). Possui perfeita infra-estrutura para receber seus acampantes com chalés, cozinha industrial, quadras, campo de futebol, piscina, ginásio coberto, ampla área verde e salão de jogos.
Para maiores informações e inscrições acessem http://www.brasilskatecamp.com.br/ ou liguem para (011) 3223-4846 e (011) 7895-4126. Não perca mais tempo e faça agora sua inscrição e venha participar do melhor acampamento de skate do Brasil.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Aniversário Matriz SkateShop X Programa Cidade Skate

No ultimo sábado dia 11 de dezembro, apesar das previsões de chuva forte, vários skatistas de renome nacional e internacional se reuniram na pista pública de skate do IAPI em Porto Alegre para celebrar mais um ano de vida da Matriz SkateShop e do Programa Cidade Skate e tentar abocanhar a premiação distribuída em uma Jam Session valendo 6 mil reais para os profissionais e uma disputa de Best Trick com a premiação de mil reais para amadores convidados.

Para a felicidade geral, as previsões não se confirmaram e o dia se manteve sem chuva. Com a maior estrutura já montada no IAPI, que contava com uma grande tenda para atletas e equipe, com um lounge VIP, enquanto do outro lado a tenda da Nike SB mostrava os últimos lançamentos da linha Paul Rodriguez e distribuía brindes para a galera, teve início à festa.


Rodrigo Tx - Fs Nosebluntslide

O evento começou com a Jam Session Pro, com as eliminatórias aonde os dez melhores iriam para a final. Na seqüência rolou a Jam Session dos Amadores que teve como grande destaque Carlos Iqui, que acabou vencendo a disputa com Ss Bs Tailslide subindo a mesa de picnic e Ss Fs Flip pulando a outra mesa de picnic.
Danilo Cerezini - Ollie

Na final da Jam Session Pro os destaques foram Danilo Cerezini que ficou em 3º lugar com um arsenal de manobras, incluindo um ollie pulando a mesa de picnic de ponta a ponta, Willian Seco quase não errava manobras nas duas bases ficou em 2º e quem se sagrou campeão foi Rodrigo TX que acertou muitas manobras e se manteve constante durante todo o tempo alem de usar bem o obstáculo da Nike SB criado especialmente para o evento junto dos outros obstáculos da pista.

Willian Seco - SS BS Tailslide

À noite a festa continuou no Rio Show. DJ Madruga e DJ Edinho iniciaram os trabalhos juntamente com o coquetel oferecido pela Matriz Skateshop e o Programa Cidade Skate, logo depois Don Cesão assumiu o controle do palco, e na sequência Kamau balançou o público com vários hits de sua carreira e fechando com chave de ouro à noite, o DJ Zé Gonzales manteve a massa no embalo com um set list muito variado.
Rodrigo TX - FS Flip

Com o oferecimento da NIKE SB, o “Aniversário da Matriz Skateshop e Cidade Skate” contou com o apoio da LRG, Ogio, Hocks, Yerbah e patrocínio do Dmae, Procempa, Prefeitura Municipal de Porto Alegre e Manobra Solidária, e foi um evento oficial dos Jogos Radicais de Porto Alegre, homologado pela FGSKT com produção da Core e apoio Cultural da Alvo.
Carlos Iqui campeão no amador

Vida longa a Matriz SkateShop uma das lojas mais representativas do Brasil e do mundo e ao Programa Cidade Skate que vem mostrando a verdadeira essência do skate na TV, e que mais iniciativas como esta aconteçam em outras partes do país fortalecendo cada vez mais o skate brasileiro.

Seco, TX e Cerezini

Ano que vez a festa promete ser maior, afinal uma skate shop não completa 10 anos todos os dias. Parabens Matriz e Cidade Skate!



quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

O Cisto de Backer e o skate

No penultimo post falamos sobre “Água no joelho” um problema que atinge uma grande quantidade de skatistas devido o elevado número de lesões que acontecem no joelho.
Agora vamos falar sobre outro tema importante e que também pode atingir muitos skatistas da mesma forma que a “Água no joelho”, falaremos agora sobre o Cisto de Baker.
Cisto de Baker é o acúmulo de liquido sinovial em uma bolsa situada na região posterior do joelho (Fossa Poplítea), este processo ocorre quando o liquido presente na articulação do joelho extravasa para esta bolsa que se localiza entre os músculos Gastrocnêmio e Semimembranoso, causando o aumento de seu volume e conseqüentemente a formação do cisto. Esta região não é coberta por músculos e quando a bolsa sofre aumento de tamanho se torna facilmente palpável.

Geralmente ocorre devido a uma doença ou lesão pré-existente na articulação do joelho (resultado de uma patologia intrarticular no joelho, como artrite, artrose, lesão na cartilagem, lesões meniscais ou ligamentares), que provoca o aumento da produção de liquido sinovial, causando assim o edema. Quando este edema persiste, pode extravasar para a bolsa, formando o cisto.
Em alguns casos, o cisto de Baker não causa dor, e o paciente pode nem notar. Mesmo não tendo sintomas objetivos, você pode observar inchaço atrás do joelho, e às vezes na perna e na palpação da região posterior do joelho sentir uma estrutura semelhante a um balão cheio de água.
As queixas mais freqüentes de pessoas portadoras de cisto de Baker são o incômodo na região posterior do joelho e um aumento de volume local, principalmente quando o joelho está totalmente estendido, pois nesta posição o cisto é empurrado para trás. Porém o cisto atrapalha também a flexão do joelho, pois fica pressionado contra a articulação.
Os exames mais usados são o ultrassom e a ressonância magnética, essa última muitas vezes também mostra a causa primária que levou ao surgimento do Cisto de Baker.
Normalmente, não há complicações, há uma rara possibilidade da formação de "pedras" (litíase) no interior do cisto, o que causa dor e exige um tratamento cirúrgico para a retirada. Outra complicação, também pouco freqüente é a ruptura do cisto, causando dor intensa na musculatura da perna, apresentando sintomas semelhantes aos de trombose venosa profunda (TVP).

O tratamento em geral é endereçado a o tratamento da lesão primária do joelho, mas com o cuidado de não causar atrito entre os músculos Gastrocnêmio e Semimembranoso e evitar sobrecarga no joelho para não afetar o cisto. O edema também deve ser tratado e os alongamentos musculares precisam ser realizados com muita cautela, para que não haja uma pressão sobre o cisto alem do uso de técnicas de drenagem e eletroterapia com o Tens e o Ultra-som.
Caso após alguma sessão de skate em que o joelho sofreu algum trauma apareça o cisto, não se desespere e procure um médico ortopedista o mais rápido possível, tendo assim um bom prognóstico para voltar a andar de skate.
Lembre-se: ande de skate, evolua e divirta-se.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Entrevista - Frederico "Naroga"

O entrevistado do mês no Skate Saúde é um dos skatistas que mais vem fazendo pelo skate brasileiro nos últimos anos. Não com parte de vídeos, fotos, entrevistas ou manobras cabreiras, mas sim encabeçando uma das marcas de skate mais ativa no mercado nacional, realizando eventos importantes e principalmente valorizando os skatistas como verdadeiros profissionais. Um exemplo que vale a pena ser seguido e com certeza mais um guerreiro que corre atrás da evolução no skate nacional, confira agora uma pequena entrevista com Frederico “Naroga” o Supervisor de Skate da Converse.



Nome: Frederico “Naroga” Vicente Lima
Idade: 25 anos
Tempo de skate: 12 anos
Local: Nascido em Belo Horizonte MG, radicado em Novo Hamburgo RS

Nollie BS Flip Foto- André Ferrer

SS- Naroga fale um pouco para nós sobre o seu primeiro contato com o skate e quando você percebeu que ele faria parte de sua vida?
Meu primeiro contato com skate deve ter sido aos 5 ou 6 anos de idade, meus primos andavam de “tubarão” e naquela época dei algumas poucas remadas. Aos 13 anos mudei para uma escola em que meus amigos de classe já andavam com um skate mais moderno, era moda no colégio e a galera do skate era a que se dava melhor com a mulherada. Como já tinha equilíbrio e sabia remar (experiência adquirida nos tempos de criança) resolveram montar um skate para mim usado. Não esqueço a data dia 01/08/98. Daqueles amigos só eu continuo andando até hoje, acho que se deve muito ao fato de ser o único que trabalha com skate já que os outros não conseguiram conciliar o skate com as carreiras seguidas.
Ainda no meu primeiro ano de skate eu fiquei maravilhado com a etapa do Circuito Brasileiro de Skate que aconteceu na pista em que eu andava, a 501 SkatePark, que ficava ao lado da minha escola. Lembro que matei aula quando fiquei sabendo que Danilo Dandi tinha ido treinar um dia antes do treino oficial e eu, como fã número 1, não poderia deixar de vê-lo andar pela primeira vez. No campeonato eu fiquei impressionado com a estrutura, com tudo o que girava em torno da competição. Fiquei imaginando quantas pessoas estavam por trás de tudo, fazendo a coisa funcionar, tornando o trabalho dos skatistas mais fácil. Naquele dia soube o que queria fazer por toda minha vida, trabalhar para facilitar a vida dos skatistas.
Tenho guardado até hoje uma edição 75 da 100%SKATE que destacava os 50 maiores nomes do skate brasileiro e pensei comigo: “um dia quero estar ali, do lado do Biano Bianchin!” e é o que me motivou a começar.
Na verdade foi muito difícil para eu aceitar que não tinha os atributos necessários para seguir a carreira de skatista. Mesmo assim, aos 17 anos, fim de escola, tive que deixar o sonho do meu pai de me formar um engenheiro para seguir atrás do meu sonho, de viver do skate.

SS- Como esta a cena do skate mineiro comparando a época em que você começou a andar e os dias atuais?
Não está melhor na minha opinião, por uma infinidade de fatores, como por exemplo o fato de que tínhamos mais skatistas preocupados em seguir a carreira de forma a procurar oportunidades e não esperando que elas aconteçam de forma passiva.
O mercado local cresceu bastante, assim como o número de praticantes, mas a organização dos skatistas não seguiu o mesmo ritmo. Tem-se um dos maiores mercados do Brasil, um dos estados mais procurados para realização de tours e demos de marcas, mas não se tem uma organização, uma liderança como encontrados em muitas cidades brasileiras capaz de potencializar e absorver essas informações trazendo benefícios para o skate mineiro. Isso faz com que varias pessoas que desejam viver do skate procurem oportunidades e outras cidades e até em outros países.
Da forma que podemos tentamos ao máximo incentivar o skate mineiro: temos um skatista profissional (Jay Alves) com carteira assinada, anunciamos na contra capa do único zine do estado, realizamos demo e tours freqüentemente e patrocinamos o maior Circuito de Skate de Minas, mas acho que ainda falta muito mais para que meu estado tenha a importância e potencia de outros como RS, PR e até SC.

SS- Liste para nós os cinco melhores picos para se andar em Belo Horizonte.
1 – Praça 7
2 – Praça Hugo Werneck
3 – Escola Guinhart
4 – Estacionamento do Extra
5 – Mineirinho
Esses são os 5 melhores na minha opinião e que mais gostava e gosto de andar quando vou a BH, porém alguns deles hoje são proibidos...(risos)

SS- Atualmente você mora na região sul do país, como você vê o skate na região e qual a principal diferença entre o skate do sul do país e o de Minas Gerais?
As diferenças são muitas, mas acho que se resume na palavra UNIÃO. Ela é a engrenagem que faz o skate se movimentar no sul. Através dela conquistou-se o IAPI, pistas, criou-se marcas, lojas conceito, programas de radio,TV, associações, federação, etc. União em prol do interesse em comum e não de interesses próprios, isso ainda falta em Minas.



SS- Você já trabalhou em várias frentes do skate brasileiro, narrou campeonatos, fotografou, foi videomaker, proprietário de loja entre outras coisas, qual a sua maior motivação para continuar trabalhando com o skate?
O próprio skate. Infelizmente ou felizmente não sei fazer outra coisa na vida, e ter a oportunidade de criar coisas novas e fazer a diferença me motiva muito. Quero lutar para ser lembrado pelas contribuições ao skate da nossa época e que sabe até ter meio nome mencionado no meio daquelas 50 nomes listados pela 100%SKATE, imagina?
Motiva-me também a oportunidade de começar uma iniciativa do ZERO, poder desenvolver um trabalho baseado naquilo que acredito ao invés de dar seguimento a um trabalho já iniciado. É motivante ver a evolução das coisas, ver a semente virando árvore.

SS- Hoje você exerce o cargo de Supervisor de Skate na Converse, como foi sua entrada na empresa e no que consiste o seu trabalho?
A Converse entrou em contato comigo tomando conhecimento que eu estaria saindo do país para tentar a vida na Califórnia após sair da antiga marca de calçados para skate. Coincidentemente a marca tinha interesse para iniciar um trabalho voltado ao skate. Apresentaram-me o projeto e com isso vi muitas possibilidades de realizar um trabalho único e diferenciado.
Hoje meu trabalho consiste na execução e manutenção do Plano Estratégico criado em 2008 (na minha entrada na Converse) em assuntos relacionados à Produto, Vendas, Posicionamento mas que tem como foco o Marketing (promoção). Na verdade meu trabalho é muito facilitado, pois tenho na equipe de skatistas 5 consultores para marca que me ensinam e ajudam a cada dia na evolução do trabalho.

SS- Como funciona o seu cotidiano e onde você costuma andar de skate atualmente?
Minha rotina é viajar 40km por dia para ir trabalhar em Picada Café, onde a Converse possui seu escritório, e dividir meu dia aos assuntos referentes às minhas funções, sempre separando tempo para Comercial, Produto, Promoção mas principalmente aos skatistas que são a peça mais importante da nossa estratégia.
Esse segundo semestre minha rotina está um pouco atípica, muitas viagens e compromissos que me deixam um pouco afastado do skate. Mas normalmente ando na Pista Publica de Ivoti ou na de Novo Hamburgo (que fica a 2 quadras da minha casa) e nos fins de semanas no IAPI.

SS- A Converse vem realizando o “My Square” um “campeonato” com patrões bem diferenciados, como surgiu este evento, como tem sido sua repercussão dentro da empresa e o que podemos esperar dele para o próximo ano?
O My Square é uma adaptação do Converse Skateboard Square criado e realizado em 2008 pela 100%SKATE em conjunto com a Converse. O My Square foi uma adaptação feita por nós com o objetivo de tornar o evento mais democrático e acessível a todos, além de cominar em uma turnê nacional da equipe brasileira.
A repercussão dentro da empresa vem sendo muito boa já que estamos alinhando nossos eventos aos nossos princípios e objetivos, de resgatar a essência do skate. Inclusive o evento serviu como inspiração para um evento bem parecido produzido pela Converse no Canadá no primeiro semestre.
Para 2011 teremos algumas novidades, mas o formato foi aprovado pelos skatistas participantes e será mantido. Dessa vez a região sudeste será a contemplada, porém ainda não temos data definida.

IAPI: A Primeira Skate Plaza from Fuego Skate on Vimeo.

SS- Por falar em evento, a Converse também realiza o “Fix to Ride”, que para mim é um dos melhores eventos já realizados no país pelo fato de valorizar pistas históricas do skate brasileiro, como é fazer parte desta ação, como é feita a escolha do local a ser realizado e qual o seu papel na realização do evento?
Quanto ao Converse Fix to Ride devemos primeiramente agradecer muito aos nossos “hermanos” argentinos por terem criado a ação. Também temos que agradecer a Converse por ter em seu DNA um espírito rebelde, de se defrontar com problemas políticos e sociais ao longo dos anos. E por ultimo agradecer a nossa diretoria no Brasil por acreditar na forma e diferença que essa ação tem para o mercado brasileiro.
Agradeço o titulo dado por você para o Fix, mas, para nós o Fix to Ride não é um evento, é mais do que isso, é uma iniciativa onde faz parte do seu gran finale a realização de uma competição que na verdade é um evento de confraternização.
A escolha do local é feita pelos próprios skatistas. Tanto o IAPI quanto o Bowl do Arpoador foram locais apontados por skatistas, através de movimentos de mobilização e protestos, como locais ameaçados ao desuso e até à demolição (respectivamente) pela falta de manutenção do espaço.
Minha função no Fix assim como em todos eventos da Converse é o planejamento e execução.

SS- A Converse não é somente uma marca de skate, mas sim uma multinacional com uma visibilidade muito grande, qual a principal diferença em trabalhar nela para uma marca focada apenas no mercado de skate?
Com certeza a estrutura! Sem sombras de duvidas as multinacionais possuem mais ferramentas para o desenvolvimento do trabalho embora existam outras grandes dificuldades por esse mesmo fator, como políticas, brand guides, etc.
No caso da Converse em especifico a vantagem é que a marca é praticamente um produto de marketing, existe a 102 anos tendo como carro chefe um produto criado em 1917 e que ao longo dos anos se tornou o tenis predileto e mais vendido no mundo graças exclusivamente a sua historia, o Chuck Taylor All Star. Isso facilita bastante o trabalho do marketing uma vez que o skate também vive da historia, tanto a escrita no passado quanto a vivida no presente e ainda quanto a historia que está sendo planejada para o futuro.

SS- O que falta para melhorar ainda mais o mercado brasileiro de skate?
Respeito ao skatista, ao ídolo. É a principal diferença entre o skate no Brasil, nos EUA e no mundo. Nesse quesito com certeza somos os piores do mundo. Para os EUA, por exemplo, um skatistas de 30 anos está na sua melhor fase profissional (consciência de skate, maturidade física e mental, profissionalismo) e o skatistas de 40 anos é mantido na equipe (mesmo sem andar de skate) por que a marca acredita que a imagem e a historia criada durante sua carreira é importante, e por que não indispensável, para manter as raízes da marca e para servir como exemplo e desejo para as próximas gerações. Ou seja, para que esses skatistas sejam embaixadores, advogados, ídolos da marca.
Na America existe uma grande preocupação em manter os ídolos antes de criar outros, em se manter as raízes para se ter os frutos. No Brasil o skatista consegue seu primeiro patrocínio aos 20, aos 25 passa para profissional e aos 30 é considerado velho: que tipo de exemplo de carreira queremos dar para as próximas gerações de skatistas? O de que a carreira de skatistas profissional é apenas uma passagem, uma especialização para que ele exerça no futuro uma função administrativa nas marcas de skate quando atingir os 30 anos de idade. Estamos em uma fase realmente muito complicada, temos que refletir sobre isso e começarmos a agir.

SS- Qual seria a trilha sonora da sua vida, liste para nós cinco músicas que podem traduzir um pouco da sua história.
Caramba! Essa é difícil.
Wu Tang – Mistery of Chessboxin (coloquei essa agora para responder o resto da entrevista)
Mobb Deep feat Nas – Its Mine
Antix – Seven Seas
Dead Mouse – Faxin Berlin
Kid Cudi – Embrace the Martian

SS- Como você acha que o skate vai estar daqui a dez anos com relação a manobras, mercado, vídeos e tudo que envolve a cena?
Acho que essa é a única pergunta com resposta incerta da entrevista. Mas de uma coisa tenho certeza, pelas contribuições na arte, moda, musica, cultura o skate vai estar totalmente impregnado na cultura popular, no cotidiano da população mundial.
Quanto a manobras acredito que o skate vai ser reinventado varias vezes durante esse tempo, com criações e evoluções assim como tivemos com a Mega Ramp, drops de helicópteros, não dá para prever.
O mercado brasileiro, espero eu, estará mais organizado, com distinção bem grande do mercado de surf e com respeito aos profissionais.
Sobre vídeos fatalmente como acontece hoje, estará bem a frente de outros esportes, explorando ao extremo as evoluções dos recursos cinematográficos da época.

SS- E você, quais seus planos para o futuro?
Quanto aos meus planos profissionais ainda tenho muito a realizar na Converse. Sonho ainda em desenvolver na marca um produto de marketing único e inovador que vai revolucionar o mercado de skate de tão forma a interferir no mercado não segmentado e deixará os skatistas da Converse ainda mais tranqüilos quanto às suas carreiras.
Mas na verdade a tarefa mais difícil e que faz parte dos meus planos é manter a Converse nessa batida constante de realizações e contribuindo assim para o crescimento do skate do Brasil.
Quanto ao pessoal quero dedicar mais tempo e evoluir no skate e, como pessoa, me aperfeiçoar, escutando as pessoas e servindo cada vez mais.

SS- Qual a principal lição que o skate te ensinou até hoje?
Felizmente não consigo listar uma, mas acho que as principais, as que levo para minha vida são: respeito, disciplina, concentração, controle, organização, planejamento, perseverança, evolução, perfeição, humildade e criatividade.

Agradecimentos:
Tenho uma lista já montada de agradecimentos, são as pessoas que estiveram, estão ou estarão sempre comigo contribuindo para minha vida profissional ou pessoal. Agradeço minha família e a Deus para começar. Ao Rogerio Ninja, Isaias Twister, Hilton VGS, Biel, Pudim, Felipe Meyer, Ale Vianna, Stanley Mitev, Marcio Tanabe e mestre Moca. A Carol, Molocope, Tio Rori, Manu e Tia Ana. Aos meus eternos amigos de BH, Mauricio, Guinho, Gustavo, Thiago, Paulo Tarso e Rosangela. A minha escola de marketing Danilo Dandi, Rafael Russo e Gui Zolin. Ao Gringo, Tânia, Rica, Mel, Samir e Lis. Ao Diego e São por me agüentarem há 3 anos, a Grazi minha namorada pela inspiração. E, é claro, a minha família por opção: Jay (meu eterno irmão), Crazy, Biano, Renatinho e Carlos Ribeiro.