quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Entrevista - André Manto

A calma do povo japonês não se parece em nada com seu estilo impactante de andar de skate. Ter atravessado o mundo para conhecer novos picos, foi só mais uma amostra da importância e amor com que ele encara a arte de manobrar. Radicado na zona leste de São Paulo, e andando diariamente no centro ao lado de seus amigos, vem conquistando merecidamente seu espaço e respeito no skate brasileiro. Se não bastasse se puxar para evoluir a cada dia, ele trabalha para a evolução de novos skatistas, seja filmando os amigos na sessão ou trabalhando como monitor no melhor acampamento de skate do Brasil. Um guerreiro das ruas do Brasil ou um samurai das ruas do Japão este é André Manto o “Japa” nosso entrevistado do mês aqui no Skate Saúde.

Nome: André Manto "Japa"
Idade: 22 anos
Tempo de skate: 9 anos
Local: Arthur Alvim
Patrocínio: Vegetal e Dual Skateshop

SS- Salve André, a fase de amador geralmente é sempre de muita correria para todos os skatistas, com viagens constantes vários campeonatos entre outras coisas, como você tem aproveitado este momento?
Tenho aproveitado sempre o máximo que posso, pois sei que um dia isso irá acabar sempre buscando me divertir e evoluir o meu skate.

SS- Como você descobriu o skate e quem foram os skatistas que te influenciaram no começo?
Desde pequeno eu tive contato com o skate, meu primo andava e eu sempre pegava o skate dele pra brincar.
Alguns anos depois dele ter parado com o skate um amigo meu me chamou para começar a andar com ele e foi dai que surgiu a minha vontade de começar a andar de verdade, mas foi um pouco difícil, pois minha mãe não queria me dar um skate de jeito nenhum e acabou que foi o meu cunhado quem comprou meu primeiro skate.
Minhas influências foram os skatistas do jogo "Tony Hawk" (risos), pois na época eu não tinha acesso nenhum a mídia do skate, revistas, vídeos e até mesmo a internet.

SS- Você morou um tempo no Japão, o que motivou esta mudança e como foi sua adaptação a uma cultura totalmente diferente da nossa?
O maior motivo foi o skate, conhecer picos novos, ter acesso a material que nunca tive.
Minha intenção era ir para o Japão ficar por lá uns 2 ou 3 anos e de lá ir para Europa ou EUA, mas era no ano de 2008 e estava muito difícil entrar em outros países e não agüentei a dura realidade do Japão e voltei para o Brasil.
A adaptação fluiu naturalmente, pois quando cheguei lá conheci alguns skatistas japoneses e sempre andava com eles pela cidade conhecendo muito da cultura e costumes deles.

SS- E o skate por lá, como eram as sessões e quais os principais picos que você costumava andar?
Era muito bom poder andar em picos perfeitos, ter o skate sempre do jeito que eu quisesse, peças sempre novas, coisa que eu nunca tive até ir para lá e esta é a grande diferença.
Eu costumava andar em uma pista chamada Wakamiya Skatepark ela fica no centro de Nagoya, a pista fechava às 9 da noite e assim que fechava, todos quem andavam lá saiam para ir andar nas ruas de Nagoya.

SS- Uma grande quantidade de skatistas brasileiros vive atualmente por lá e muitos outros já viveram, você tinha contato com eles, rolava de andar junto?
Rolava sim, sempre andava com os brasileiros lá e um deles é o Adriano Kurosu, mantive contato com ele e agente sempre esta na sessão junto aqui no Brasil.

SS- E a volta ao Brasil, foi motivo de comemoração ou a vida do outro lado do mundo era melhor?
A vida do outro lado é muito melhor em termos de comodidade, mas aqui é o meu país onde esta minha família e amigos, e isto é o que mais importa.

SS- Como foi sua readaptação ao skate brasileiro, voltar a conviver com as pedras portuguesas, isso para você foi um obstáculo?
De jeito nenhum. Sempre gostei de andar de skate não importa onde, chão liso, chão ruim eu ando sem problemas (risos).

SS- Como surgiu a oportunidade de ter uma parte com o Sobral no Underground Style e como foi participar deste projeto?
Quando voltei do Japão eu trouxe uma filmadora para filmar os amigos, alguns meses depois que voltei eu conheci o Sobral e comecei a filmar ele e fiz isso durante uns 2 anos.
Durante esses 2 anos conheci muita gente no meio do skate e uma dessas pessoas foi o Gian Naccarato, comecei a fazer algumas sessões com ele, sempre ajudando ele a filmar.
Depois de um tempo vi que tinha algumas imagens e perguntei pra ele se eu poderia fazer uma parte e ele disse que sim, no começo eu teria uma parte sozinho, mas como eu trabalhava na época não teria tempo suficiente para terminar a parte no tempo do lançamento do vídeo, e foi dai que veio a idéia de fazer junto ao Sobral.
Foi muito bom ter feito parte do projeto, andando de skate e filmando, e gostei muito do resultado, pois tive 3 meses para filmar e mesmo trabalhando o dia todo consegui me superar e render as paradas que queria.

SS- Você é um skatista que sempre anda no centro de SP, fora os picos de lá quais os outros lugares você costuma andar?
Procuro sempre estar andando em vários picos, mas quando o dinheiro esta curto eu costumo andar na pista da Cohab "Morcegão".

SS- Conseguir exposição na mídia é uma árdua tarefa para os skatistas amadores, você em um curto espaço de tempo conseguiu divulgar seu nome nas principais mídias do skate brasileiro, como isso tem influenciado na sua carreira?
Tem influenciado de uma forma muito boa, surgindo varias oportunidades iguais a esta aqui e muitas outras.
Vou a vários lugares, muita gente me conhece e isso acaba ajudando a divulgar a Vegetal e agora também a Dual e eu acho isso um trabalho importante.

SS- Você faz parte do time da Vegetal, como aconteceu sua entrada para a marca e como é ter o André Hiena um dos skatistas mais experientes do Brasil ao seu lado nas sessões?
Na verdade foi muito engraçado, acho que 1 ou 2 meses depois que eu conheci o Hiena. Nós estávamos no Rei do Mate e o Sobral perguntou para ele: “E ai Hiena quando você vai me por na Vegetal?”
O Hiena disse: “Não vou por você eu vou colocar o Japa.”Eu pensei que ele estava brincando na hora e dei risada, ai depois ele veio falar comigo e dizer que não estava brincando (risos).
É uma grande honra pode andar de skate todos os dias com o Hiena, respeito muito ele como amigo, companheiro de equipe e patrão, e o trabalho que ele faz a muitos anos.
Cada dia é uma lição nova do "Mestre Hiena" (risos).

SS- Trabalhar com o skate é uma alternativa para muitos skatistas, você trabalha a um bom tempo como monitor no Brasil Skate Camp, como funciona o seu trabalho e como é ver essa nova geração que nasce a cada nova temporada do Camp?
O trabalho dos monitores é basicamente coordenar todas as atividades, ajudar os acampantes no que for preciso, sendo para aprender uma manobra nova ou até mesmo arrumar o skate deles.
E a evolução deles é uma coisa inacreditável, alguns deles chegam lá na sua primeira temporada sem nem saber andar direito e passa 6 meses eles voltam dando muitas manobras, é bom ver isto saber que o trabalho que você faz lá ajuda muito na evolução deles.

SS- Atualmente você esta focado em algum projeto e quais são seus planos para o futuro?
Atualmente estou em um projeto da Dual Skateshop, e estamos para começar um da Vegetal. Plano para um futuro próximo é conhecer a Europa.

SS- Você literalmente já atravessou o mundo andando de skate, qual a principal lição que o skate já te ensinou e qual foi o seu momento mais marcante sobre o skate até agora?
O skate me ensinou que só você mesmo é capaz de realizar os seus sonhos, não existe um momento que marcou mais e sim muitos que serão inesquecíveis.

Agradecimentos: minha família, André Hiena, Adriano Kurosu, Sandro Sobral, Thiago Garcia, Fabio Brandão, Renan Hassan, Cris Fernandes, Thiago Arruda, Thyago Ribeiro, Bruno Filgueiras, Rodrigo Bocão, Teo, Doda, Victoria Rassan,Bruno Zoio, Toiço, Marcelo Alves, Grilo, Borella, Equipe Vegetal, Equipe Dual skateshop e todos aqueles que esqueci e sabem que eram para estar aqui.

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