quinta-feira, 16 de julho de 2015

O ponto da dor no skate

Para quem anda de skate por várias horas durante o dia, todo dia, com o passar do tempo começa a perceber uma espécie de "bolinha" se formando em alguns grupos musculares gerando muita dor. O Ponto-gatilho (também conhecido como “trigger points”) parece ser algo complicado e confuso de entender, mas tenho certeza que todos vocês sabem o que isso significa na sua essência.
Os pontos-gatilho são pontos hipersensíveis de dor com nódulos palpáveis, presentes em certa extensão muscular, onde a dor acontece sob a pressão digital ou espontaneamente, podendo ou não ocorrer irradiação. Esses pontos se encontram em banda tensas, que são grupos de fibras musculares contraídas ao longo do músculo.
As condições que podem gerar esses pontos-gatilhos são traumas musculares (alongamento/encurtamento excessivos, movimentos repetitivos, movimentos bruscos e excessivamente rápidos, quedas), isquemia (falta de oxigenação muscular), inflamação, sobrecarga funcional, estresse emocional, deficiências nutricionais, alterações posturais, assim como as tensões do dia-a-dia, todas essas situações amplamente observadas em skatistas.
Os pontos podem ser classificados em ativos e inativos. Nos ativos a dor é causada por compressão local e até mesmo em repouso, ou ao efetuar o movimento. A dor é constante, e pode incapacitar o músculo atingido, já nos inativos a dor ocorre apenas quando houver pressão local, mas pode trazer as mesmas consequências funcionais que o ativo.
O músculo atingido pelos pontos-gatilho apresenta fadiga, tensão, fraqueza e espasmos (contração muscular involuntária, ocorre geralmente acompanhando a dor, formando o ciclo dor-espasmo-dor, comum em lesões musculares) e contração dolorosa. Ocorre perda de força, pela diminuição de contractilidade relacionada; perda de flexibilidade, que vai gerar a diminuição da amplitude de movimento, ou seja, possibilidade de produzir a angulação máxima de uma articulação relacionada ao músculo lesado, o que também afeta a propriocepção, que é a capacidade de orientação espacial e sensibilidade de cada parte do nosso corpo, nesta região, impedindo que essas informações sejam obtidas corretamente pelo segmento lesionado, o que pode trazer novas lesões ao local.
Os locais mais atingidos são: região cervical, dorsal alta (trapézio), ombro, região interescapular (entre as escápulas), lombar e glúteo, mas pode ser encontrado em toda parte do corpo como as panturrilhas em especial nos skatistas. Os pontos-gatilho podem estar associados à síndrome dolorosa miofascial, que também é conhecida como dor miofascial crônica.
O tratamento é feito em três fases dependendo da gravidade da lesão, a primeira delas é a Inativação do ponto-gatilho, que é feita por injeção de anestesia ou solução fisiológica salina, acompanhada de alongamento e calor. Ou com terapias manuais, como a pressão dos pontos-gatilho, fricção profunda e alongamento do músculo. Já a segunda é a Reabilitação muscular que seria a recuperação da amplitude de movimento, e fortalecimento muscular, através de alongamentos, analgesia (utilizando aparelhos eletroestimuladores), reeducação postural, acupuntura, aplicação de calor e cinesioterapia, que é a terapia com movimentos que vai tornar possível o fortalecimento. A última fase é a Remoção preventiva de fatores perpetuantes que nada mais é que a educação do paciente sobre a prevenção, e como agir caso aconteça novas crises.
As vezes um pequeno problema como este pode nos deixar vários dias afastados do skate. Cuidar da manutenção do corpo e fazer uma preparação física especializada é de fundamental importância para quem quer aproveitar todos os benefícios que o skate pode trazer.
Lembre: ande de skate, evolua e divirta-se.

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