quinta-feira, 29 de março de 2012

Entrevista - Franco Poloni

Segundo o dicionário a palavra adversidade tem o significado de contrariedade ou desfavorável, exatamente a situação atual que nosso entrevistado vem passando. Sair de sua cidade natal para morar na capital gaucha foi um grande passo em busca da sua evolução pessoal e no skate, agindo localmente e pensando globalmente pouco a pouco vem conseguindo seu espaço dentro do concorrido cenário do skate amador brasileiro. Recentemente teve parte em um das principais produções brasileiras de skate o vídeo “Simplesmente Sintonia” com uma parte bastante técnica que chamou muito a atenção. De volta a sua casa enquanto se recupera de uma grave lesão, conversamos com Franco Poloni, o entrevistado do mês no Skate Saúde.

Nome: Franco Poloni
Idade: 23 anos
Tempo de skate: 11 anos
Local: Caxias do Sul, atualmente residindo em POA
Apoio: Dyzen

SS- Salve Franco, para começarmos gostaria de saber como foi seu início no skate?
Comecei a curtir skate e andar com skates emprestados de amigos no bairro, até que ganhei um de aniversário quando fiz 12 anos. Desde então, passei boa parte do meu tempo em cima dele.

SS- Você é de Caxias uma cidade com tradição no skate, como anda a cena por ai atualmente?
Em janeiro de 2011 fui morar em Porto Alegre, pois acredito ser um ambiente mais favorável para a evolução. Caxias do Sul tem muita gente que anda de skate, mas a cena sofreu um pouco por não ter um local apropriado para andar e ser ponto de encontro para as sessões. Agora com a construção de uma Skate Plaza vai melhorar muito. É um bom momento, tem skatistas caxienses se destacando e isso influencia a molecada a andar ainda mais.

SS- Quem são os skatistas que te influenciaram e que você admira?
São muitos que de alguma forma eu admiro e procuro aprender, é difícil citar, pois de cada um você considera uma atitude. Nos primeiros anos de skate a gente se admira principalmente pelas manobras complicadas, mas depois de algumas vivências, damos mais valor ao conjunto de atitudes de cada um que temos a oportunidade de conhecer.

SS- Atualmente o foco da maioria dos skatistas é coletar imagens para vídeos e revistas, na sua opinião ainda há espaço para os campeonatos com formato tradicional?
Acho que vai ter espaço para um certo grupo de skatistas, que apoiam e participam desses eventos. Mas com a evolução do skate, as marcas, principalmente as de skatistas, estão criando eventos e promoções muito mais interessantes e que buscam a evolução, e não à mesmice dos campeonatos tradicionais. Nós como skatistas devemos participar dos eventos que são bem organizados e feitos por pessoas realmente preocupadas com o esporte.

SS- Este ano teremos a realização das Olimpíadas em Londres, você é a favor que o skate se torne um esporte olímpico?
Não! Skate é arte e não pode ser julgado dessa maneira. Skate é liberdade, e foi criado na rua, as Olimpíadas seria a evolução dos campeonatos tradicionais.
Para ficar bem fácil de imaginar: quantos de nós seríamos skatistas, se tivéssemos conhecido o skate na televisão, praticado por superatletas uniformizados fazendo manobras padrão em um espaço limitado para ganhar pontos representando seus países?
As próximas gerações seriam compostas de outra cultura, muito desviada da verdadeira. Skate é arte e estilo de vida, e não tem fronteiras!

SS- Como foi filmar para o Simplesmente “Sintonia” e como tem sido a repercussão deste trabalho?
Foi uma oportunidade e experiência única, só tenho a agradecer aos amigos do Simplesmente, por tudo que vivemos antes, durante, e depois das filmagens. JP Romero faz um corre inspirador, que deve ser valorizado. Me sinto muito privilegiado de ter participado do "Sintonia".
Está repercutindo muito bem, o troféu que nós carregamos, é a consideração dos irmãos por toda parte onde a gente vai. Pois quem é de verdade reconhece a caminhada. E isso é da hora.

SS- A fase de amador é uma das mais especiais no skate devido as constantes viagens, qual foi sua trip mais legal e qual o melhor pico em que você já andou?
Até agora com certeza a trip para Buenos Aires, além de ser a primeira para o exterior, muita coisa aconteceu por lá, foi da hora.
Melhor pico é difícil, mas a universidade em Caxias do Sul, apesar de proibido, é um lugar com vários picos que tive oportunidade de andar algumas poucas vezes.

SS- Se tivesse que escolher agora uma viagem para os EUA ou Europa qual seria a sua opção e por quê?
Se tivesse que escolher agora, iria para os EUA, em busca de oportunidades. Gostaria de ir para a Europa com uma boa estrutura para filmar e fotografar o máximo possível em todos aqueles picos. Esse seria o próximo passo.

SS- Muitos skatistas tem o sonho de fazer carreira fora do Brasil, você é um deles ou acredita que da para viver legal do skate aqui no Brasil?
Eu acho que o ideal é fazer um corre global. Ter vínculos com o Brasil e com outros lugares, sem limitações.
Ser reconhecido como skatista profissional de conceito, em qualquer lugar do mundo.

SS- Durante a ultima edição do “King of São Paulo” você sofreu uma grave contusão, conte para nós o que aconteceu?
Infelizmente acabei me machucando ao errar uma manobra no corrimão da escada na Praça Itaquera. Caí de mau jeito no chão e acabei pisando no skate, isso forçou muito minha perna, quebrando o osso fino da canela.
Graças ao atendimento do Skate Saúde presente no evento, eu fui rapidamente levado ao hospital. No hospital foi uma situação e tanto, o Patrick Vidal e o Lucas da Legitime Wheels estavam comigo dando uma força, mas fiquei numa sala onde não podiam entrar visitas ou acompanhante. Nas tentativas de nos comunicar, acabamos irritando o pessoal, que então não deixaram mais eles entrarem no hospital. Eu soube que a única solução seria uma cirurgia, e fazer uma cirurgia a 1000 km de casa seria um transtorno.
Então no fim eu acabei dando fuga do hospital e fui para um hotel com eles, peguei um voo para Caxias na segunda de manhã. Então encaminhei o atendimento aqui.

SS- Como foi a cirurgia pela qual você passou e como tem sido o processo de reabilitação?
Fiz a cirurgia na quinta-feira, dia do meu aniversário, ganhei uma platina e alguns parafusos. Ocorreu tudo certo na cirurgia, e o processo de recuperação esta indo muito bem, em alguns meses fazendo fisioterapia, já vou voltar a andar de skate.

SS- Neste momento difícil como você tem ocupado seu tempo livre?
Acredito que nada é por acaso e todas as situações, sejam boas ou ruins, podem nos ensinar muita coisa. Então, nesse tempo eu estou procurando aprender com a experiência.
Faz poucos dias que estou em casa, então não desenvolvi nenhuma rotina ainda, mas tenho lido bastante e editado alguns vídeos.

SS- O skate no sul do país tem uma característica mais voltada para o skate de rua, a que se deve este fato?
Creio que boa parte dessa cultura veio dos vídeos da Matriz, que até hoje inspira a galera a andar nessa pegada.

SS- Quais são seus planos para o futuro?
Me recuperar o quanto antes pra continuar andando de skate e viajar pelo mundo, influenciando pessoas positivamente. Acho que essa é uma das principais responsabilidades de um bom profissional. Também tenho planos de um negocio relacionado ao skate, independente da carreira de skatista.

SS- Para fecharmos, o mundo acaba este ano ou não?
Claro que não! A não ser que o ser humano acabe com o mundo em busca de dinheiro. Mas isso tudo sobre 21 de dezembro de 2012, é puro sensacionalismo criado pela televisão, pois pra alguns, muito interessa manter as pessoas distraídas e com medo.
Não tem base nenhuma, é apenas o final de um ciclo, entre muitos, no calendário Maia, e não o fim do calendário. Podem ocorrer mudanças, mas não vai acabar o mundo.

Agradecimento:
Quero agradecer minha família, e a família skateboard. Todos os irmãos que tenho encontrado nessa caminhada, que de um jeito ou de outro influenciam de maneira positiva. OBRIGAH!!!

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