quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Entrevista - L.P Aladin

Na história de Walt Disney ele era uma criança de rua que se torna um príncipe. Já na história da vida real ele não é um garoto de rua, mas por opção adotou a rua como local principal de suas manobras impactantes. Não precisou de um gênio para realizar seus desejos, mas agiu como um e manobrando pesado vem conseguindo realizar todos os seus sonhos. Skatista de alto nível e empresário, um cara tão correria que até com um tapete mágico seria difícil de acompanhar tamanha disposição para o skate. Prestes a lançar o primeiro vídeo de sua marca, o aguardado “Skateboard Ame ou Deixe-o” vem há muito tempo mostrando a força do skate na “Capital” do Brasil, para começarmos o ano muito bem, apresentamos a primeira entrevista de 2012 com L.P Aladin, um dos verdadeiros sultões do skate brasileiro.


Nome: Luiz Paulo C. Fernandes
Idade: 24 anos
Tempo de Skate: 12 anos
Local: Brasilia-DF
Patrocínio: Capital Skateboard, Cisco, OUS, Ambiente Skate Shop e Liga Trucks.


SS- Fala Aladin, para começarmos como surgiu este apelido?
Então o apelido surgiu quando eu era moleque, eu sempre passava nas lojas de skate antes de ir para o Bancário. Acabei conhecendo muita gente, e entre essa galera, conheci o Hada que trabalhava na Funhouse, que saia apelidando todo mundo (risos). Sempre que eu passava na loja ele falava assim "Você me parece alguém, quando lembrar eu te falo". Dai um dia passei lá e ele já lançou o "Aladin", disse que eu parecia muito com o Aladin do desenho. E ai depois disso o apelido ficou.

SS- Como foi seu início no skate e quem foram as suas principais influencias? Comecei a mais ou menos 12 anos atrás, quando o skate estava bem na moda. Dai ganhei meu skate de aniversário, e depois disso nunca parei. No começo minhas influencias eram amigos da quadra, mas depois todo mundo foi parando de andar e eu fiquei sozinho e tive que buscar outros lugares e outros moleques para andar junto.
Hoje as influencias são meus amigos, "Os caras da Capital” que são minha família.

SS- Brasília apresenta excelentes picos de rua, qual o seu favorito?
É realmente Brasília tem excelentes picos de rua, tenho que agradecer cada dia por isso. A arquitetura da cidade favorece bastante a pratica do skate. Mas o meu pico favorito é o Setor Bancário Sul. É onde nos encontramos para andar ou para trocar uma idéia, a galera sempre esta lá.

SS- Apesar dos muitos picos e do alto nível dos skatistas locais o que ainda falta para a região centro-oeste se tornar um pólo do skate nacional?
Acho que o skate de Brasília vem crescendo cada vez mais, a cidade vem ganhando novas pistas, novos praticantes, novos picos, novas marcas locais, e com isso toda molecada nova esta evoluindo bem mais rápido, mas no geral ainda falta muita coisa para que o centro-oeste seja um pólo do skate. Acho que falta investimento das marcas nessa região, e com isso a galera não se motiva, muitos talentos se perdem no caminho e com isso não temos muitos skatistas bem sucedidos, não temos um histórico de skatistas profissionais na região. Acho que é como um ciclo, uma coisa vai dependendo da outra, e assim o skate vai perdendo força.

SS- Quais as principais diferenças do skate de Brasília da época em que você começou a andar para os dias de hoje?
Na época em que comecei as coisas eram mais divertidas (risos), andava de skate o dia todo, só pensava em skate e nada mais. Me lembro de um ano que tiveram vários campeonatos em Brasília, acabei conhecendo muita gente. E essa época foi muito boa, apesar das coisas serem mais difíceis pra mim.
Não tinha grana e tinha que comprar as peças, tinha que pagar passagem de ônibus, mas tudo é aprendizado. Hoje as coisas já estão mais estabilizadas, temos nossa estrutura aqui. O skate está mais em nossas mãos e podemos fazer mais pelo skate daqui.

SS- Você teve parte no “Ideais “e no “Made in Brasil”, como foi fazer parte deste projeto e que benefícios trouxe para a sua carreira estas partes de vídeo?
O Ideais foi o começo para mim, foi uma das primeiras oportunidades que tive de mostrar meu skate para o Brasil, onde fiz contatos e conheci muita gente. Depois disso as portas foram se abrindo para mim. E o Made in Brazil foi um exemplo disso, o Gema já me conhecia da época do Ideais e me convidou para ter parte no vídeo. E foi da hora, já tinha umas imagens guardadas e só filmei mais umas com ele e fechamos minha parte. Isso foi importante para mim, por que na época a principal forma de mostrar seu skate era nos campeonatos, e eu não me dava tão bem nos campeonatos. Dai o jeito era filmar o que eu sabia fazer na rua. E realmente fazer duas partes como a do Ideais e a do Made in Brazil somaram muito na minha carreira como skatista.

SS- Recentemente você passou uma temporada na Europa, quais os fatos mais marcante e o que mais te chama a atenção na cultura local?
A viagem inteira foi marcante para mim, esse ano fui duas vezes para Barcelona, e na segunda vez que fui fiquei dois meses e meio lá. Fui na intenção de fazer meio que um "intercâmbio" mesmo. Ter a experiência de morar em outro país, aprender um pouco da Cultura local, aprender um pouco outro idioma. E aproveitei para finalizar minha parte no vídeo da Capital. Mas o que mais me marcou esse tempo todo foi a "comunicação". Conheci gente do mundo todo lá.

SS- Como surgiu a Capital?
A Capital surgiu de um sonho, da vontade de fazer algo com as próprias mãos, sem depender tanto dos outros. Como falei acima, as marcas investem pouco em nossa região, tem muita gente andando muito e não tem oportunidade. E foi onde pensei em começar a colocar as idéias em prática, e começar a movimentar o skate da nossa região.

SS- Como conciliar a correria do skate com outra grande responsabilidade que é ser empresário? Te confesso que não é fácil, mas na Capital eu tenho um sócio que me ajuda a levar os negócios, e isso me ajuda a poder estar mais tempo na rua andando e mantendo meu skate no pé. Mas esse ano começou repleto de trabalhos na Capital com o lançamento do vídeo. Dai estou tendo que trabalhar mais do que andar, mas só posso agradecer isso porque não tem coisa melhor do que trabalhar com o que você ama.

SS- Por falar em Capital, este ano sai o aguardado vídeo “Skateboard- Ame ou Deixe-o”, como foi escolhido este nome e o que podemos esperar do vídeo?
A idéia surgiu enquanto estávamos filmando para vídeo, à gente estava sempre filmando dia e noite, sempre juntos andando. E chegou uma hora que as coisas ficam estressantes. Nós estávamos nos matando para fazer um bom vídeo, e um dia conversando entre nós, surgiu a idéia "Skateboard. Ame-o, ou deixe-o".
Essa frase era o que a gente estava vivendo filmando esse vídeo, e é o que a gente vive hoje. Então estamos dando toda atenção para este projeto, demos nosso sangue por este vídeo. Foram quase três anos de muito skate filmando para o vídeo, sou suspeito para falar, mas podem esperar boas manobras e uma boa edição.Com esse vídeo queremos passar um pouco do que pensamos.

SS- Na série “Escolha da Equipe” da ÖUS seu tema foi a Capital, sua segunda colab com a marca, como surgiu à idéia de fazer estas colaborações entre as marcas?
Foi tudo bem natural, quando o Narciso veio com a idéia da nova série "Escolha da Equipe" ele já chegou e falou "vamos fazer da Capital?". Eu só pude concordar, porque a Capital é uma das coisas que me motivam a andar de skate e isso significa muito para mim. E a Capital anda junto com a OUS. Andamos pelos mesmos ideais que é o skate.

SS- Você já esta há alguns anos na Cisco, como foi participar de um momento marcante na história da marca que foi a inauguração da Cisco Skate Plaza?
É então já estou ha um bom tempo na Cisco, e olhando para trás da para ver, quanta evolução no trabalho que a marca vem realizando. A inauguração da plaza foi um dos grandes marcos da marca, e foi legal estar presente nesse momento.

SS- E a sua profissionalização, você já vem realizando um grande trabalho como amador, tem uma idéia de quando isso vai acontecer?
Então não posso muito falar sobre isso, mas está próximo.

SS- Como você enxerga o skate brasileiro daqui a 5 anos e o que você acha que deveria mudar no skate do Brasil imediatamente?
Cara, eu não sei exatamente. Se a gente não começar a agir agora daqui a cinco anos o skate vai estar do mesmo jeito (risos). Mas espero que as pessoas tomem consciência e comecem a pensar nisto. Espero que o skate tenha mais estrutura, que o mercado valorize mais seus skatistas e que o skate esteja nas mãos certas. Acho que os skatistas tinham que estar mais dentro das empresas de skate, porque precisamos de pessoas qualificadas que entendam do que estão fazendo. Assim o skate pode começar a crescer e ser algo a mais daqui cinco anos.

SS- Para fecharmos, o mundo acaba mesmo em 2012 Aladin?
Não sei, acho que não. Mas se acabar pelo menos vamos ter lançado o vídeo da Capital (risos).

Agradecimentos: Agradeço a todos que estão junto comigo nessa caminhada, a galera da Capital, Cisco, OUS, Liga Trucks, Arca, GODF e Ambiente SkateShop que me dão todo o suporte. E a oportunidade que você esta me dando hoje aqui. Obrigado a todos.

Um comentário:

David Prado disse...

Gosto muito do skate do Aladin, já encontrei ele varias vezes nos picos de SP, sempre muito humilde com muitas manobras, parabens pela profissionalização!!!!