sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Entrevista - Andre Genovesi

No final da década de 90 tínhamos um skatista profissional que acertava switch backside tailslide de primeira em uma mesa de piquenique, só que não passava nem perto de campeonatos, procurava trabalhar sua imagem através de vídeos e fotos, algo totalmente inovador para a época.
O tempo passou e este skatista de muito pop, deu uma manobra um pouco mais alta e foi recomeçar sua carreira nos EUA, fazendo humildemente todo o caminho que um skatista amador precisa fazer antes de se profissionalizar.
Hoje, um skatista profissional conceituado no mundo todo, que vive o sonho que tanto correu atrás, tendo até model de shape pela empresa de um dos maiores skatistas da história, nosso presente de natal para todos os amigos do Skate Saúde é uma entrevista com ele, Andre Genovesi.

Nome: Andre Genovesi
Idade: 28 anos
Tempo de Skate: 20 anos
Local: Newport Beach - C.A
Patrocínio: Hurley Intl, Hosoi Skates, Filmore Wheels, Diamond Suplly,Royal Trucks,Val Surf Skateshop.


Nollie Heel

SS- Quando me lembro de alguns bons momentos meus no skate, me vem à cabeça o final da década de 90, onde eu vivia skate 24 horas por dia sem outras preocupações, e uma coisa que me lembro bem desta época foi de usar os models da Son, como surgiu a marca e quais eram os objetivos na época?
O objetivo da Son era desenvlover produtos que eram testados e aprovados por profissionais para a prática do skateboard, sendo assim os skatistas teriam um produto de alto nível técnico que eles poderiam confiar. Também era mostrar o skate como ele é, a evolução do esporte era a nossa prioridade em uma época em que os vídeos praticamente não existiam e campeonatos eram a prioridade de outras marcas e atletas.
A Son estava acompanhando a evolução do skate mundial, hoje 15 anos depois que a Son foi estabilizada no mercado eu tenho plena consciência que a gente estava pelo menos 5 anos a frente de 95% do mercado brasileiro.

SS- O vídeo Open Your Mind (acho que deveria ser relançado em DVD que minha VHS não agüenta mais) foi um marco no skate nacional, como foi à produção e a repercussão do vídeo?
Eu também acho talvez vá ser lançado este ano. A produção foi feita pelo Duda e o Marcio do Chiclé e muitas coisas a gente mesmo filmou tipo as imagens na Califórnia. A edição do vídeo eu estava com o Duda o tempo todo editando parte por parte.
A repercussão do vídeo foi muito mais do que eu esperava naquela época, e hoje ainda tem muita gente que fala sobre o vídeo e assiste e continua seguindo os atletas.

SS- Outra boa memória que tenho, foi uma demo feita pela Son aqui no Shopping de Guarulhos onde todos os presentes interagiram com a equipe e foi uma tarde memorável para todos os skatistas da cidade, como era organizar e participar destas demos como atleta e qual delas mais te marcou?
As demos eram muito divertidas a gente se divertia demais, a Son era mais que uma equipe a gente era uma família e as demos eram tipo uma festa familiar, alem dos atletas a gente trazia os nossos amigos e era uma festa.
Varias demos me marcaram, as demos da FEBEM me marcaram bastante também, me lembro dessa de Guarulhos que tinha muita gente e foi à única vez que consegui pular a mesa de comprido do chão.

SS- Há uma década você e a Son fizeram um vídeo da marca, faziam demos, andavam em pic-nic tables, coisas que as empresas atuais estão começando a fazer agora, vocês eram muito visionários para a época ou o mercado brasileiro ainda esta muito atrasado?
Então essa e uma pergunta é realmente difícil de responder por que o que eu acho e como penso, se eu falar não vou estar sendo profissional e coisa do gênero,mais vou tentar.
O mercado brasileiro é o mercado que tem mais potencial no mundo tirando o americano, mais acho que o que falta são empresários skatistas, é muito fácil falar do mercado mais quem tá na disposição de acordar de manhã e fazer o corre de empresário não são os skatistas, que mais sabem sobre o skate.
O skate brasileiro esta na mão de gente que não vive a parada, que não esta nem ai para o skateboard, todo mundo quer dinheiro, e acho que dinheiro é a conseqüência de um trabalho bem feito.
Por exemplo, o Rick Howard é empresário ha 16 anos tem 5 marcas e ganha o maior dinheiro, mas o que ele faz é construir o skate para todos, e assim as marcas dele crescem, mas ele faz o melhor vídeo, o melhor tênis e assim por diante.
Outro exemplo olha para o Rafael Narciso que é dono da OUS, olha o carinho e o amor que ele coloca na marca, olha o quanto ele esta fazendo para o esporte, para os atletas e para a imagem do skate brasileiro, o Cezar Gordo e a Matriz.
Infelizmente são muitos poucos que fazem desta forma no Brasil, o skate americano é feito por skatista, ”de skatista para skatista”.
E os skatistas que tem as marcas muitas vezes são atropelados pelas marcas que só estão por dinheiro nada mais.

SS- O vídeo 411 edição 64 foi especial sobre o Brasil e teve uma ótima parte sua como foi ter participado deste projeto e qual a influencia dele na sua carreira?
Foi ótimo fazer parte, e o mais da hora é que eu tive o ultimo Wheels of Fortune da historia do 411.
Acho que a maior influencia foi crescer assistindo o vídeo desde o numero 1.

Nollie Half Cab

SS- Você sempre foi um skatista muito técnico e com muito pop, a que se deve este estilo e quem foram suas influencias?
Acho que no começo dos anos 90 todos éramos muito técnicos, até quem não é mais hoje em dia era técnico.
As minhas influencias foram o Alexandre Ribeiro, BOB, Chupeta, Keenan Milton[RIP], Gino Ianucci, Rick Howard, Henry Sanches, Rudy Johnson, Guy Mariano, Danny Way e Colin Mckay.

SS- Conte-nos como foi sua mudança para os EUA, e como foi ter que iniciar sua carreira novamente como skatista amador lá?
Na real foi mais fácil recomeçar aqui porque eu já sabia o que fazer tipo o Brasil foi minha escola e aqui foi a pratica entende?
Fiz tudo de novo aqui, todos os “espaços amadores”, todos os campeonatos de amador, fiz tudo de novo, pode se dizer que fiz duas vezes.

SS- Culturalmente falando, qual a principal diferença entre o povo brasileiro e o americano?
O americano faz o que tem que ser feito sem jeitinho brasileiro, que infelizmente esta acabando com o nosso país, exemplo se você é parado por excesso de velocidade, da um jeitinho paga o guarda, ai o mano com dois quilos de cocaína é parado ele da um jeitinho da mesma forma que você deu o seu jeitinho brasileiro, ai você esta bem sossegado e de repente tem um revolver na sua cara com um nóia tremendo que nem um louco para roubar seu Oakley, ai você ainda sai xingando que a policia não faz nada.
Cadê o povo brasileiro na rua reivindicando a roubalheira?
Realmente penso que a gente tem um problema muito grande de cultura onde ninguém vê nada, não enxerga nada, não sabe de nada enquanto o corrupto anda solto, o pobre ta cada vez mais pobre e o rico continua sendo roubado pela corrupção. O Brasil é o país mais rico do mundo, mas ao mesmo tempo é o mais desorganizado e corrupto.
Vamos abrir os olhos, vamos abrir os olhos!

SS- O que você acha do projeto Skate Saúde e existe algum serviço parecido com o projeto ai nos EUA?
Não, não existe nada parecido.

SS- Você é um skatista que já rodou boa parte do mundo manobrando, quais os melhores picos em que você já andou?
Los Angeles é o melhor, Barcelona e Itália.

Switch Heelflip

SS- Como foi lançar seu model de shape pela Hosoi, marca de um dos maiores skatistas de todos os tempos?
Muito gratificante é como se depois de tudo o que eu fiz eu recebesse a recompensa.

SS- Sabemos que a religião tem uma forte influencia na sua vida e que ela te trouxe muitos benefícios, fale para nós como foi esta mudança?
A verdade é que eu fumava 10 baseados por dia, viajava sem parar e sempre sentia falta de algo, skate não me satisfazia, maconha não me satisfazia e nada me fazia preencher aquele vazio, foi quando cheguei no fundo do poço conheci meu senhor e salvador Jesus Cristo que preencheu aquele vazio. Hoje estou limpo a 9 anos e meio, sou casado, amo minha esposa, minha vida e não pensem que é um mar de rosas, mas com Jesus tudo e possível.

SS- Cite alguns skatistas que você considera promissores tanto nos EUA como aqui no Brasil?
Rodrigo TX, BOB, Chupeta, Gerdal, Adelmo, Tarobinha, Vovô, Felipe Nery e Gian Naccarato.

SS- Quais seus planos para o futuro?
Terminar minha vídeo-parte, skate, filhos, e logo mais tenho uma surpresa...

Agradecimento: Jesus, Samantha valeu sem você eu to na roça, Chupeta, Gerdal, Hosoi, Richard Mulder, Rudy Johnson, Gian, família Genovesi, Vina, família Nery, família Naccarato, meus patrocinadores, Girâo, Bolota, Heverton Ribeiro e a todos que sempre me ajudam, já ajudaram ou vão ajudar. SKATE OR DIE!

6 comentários:

felipe nery disse...

Skater de verdade inspiracao/determinacao,sao em poucas pessoas que podemos ver...
E nele e umas das poucas pessoas que inspiram em todas as sessoes

Thiago Zanoni Neves "Pino" disse...

Faço das suas as minhas palavras Felipe ...

Unknown disse...

Muito boa sua entrevista , tamben me lembro quando fomos de São Caetano para Guarulhos fazer uma demo , não lembro se era a mesma demo do assunto da entrevista .
Mas lembro que fui agachado na Saveiro do Gian para não tomar multa.
Eu fui responsavel por criar a Son Skateboards , e a filosofia da marca foi criada com mesmo pensamento que o Rick Howard tinha na América , fazendo com que as ações da marca tivessem 10 anos além da época. O André já viajava para América e deu várias orientações. O Brasil vivia uma fase muito campeonateira , e a marca tinha caras para vídeo como Ricardo De Carvalho e Charles Pereira , e pouca gente entendia a filosofia da marca .

Matheus disse...

Olá!

Gostei da matéria. Não conheço ele, mas o cara deve ser bom, olha os patrocínios do cara, só as marcas de skate f... Hosoi Skates, etc.

Abração e parabéns pelo seu blog.

Thiago Zanoni Neves "Pino" disse...

Fala Matheus...
Se voce não ainda não conhece o Andre procure conhecer, com certeza um dos melhores skatistas do Brasil em todos os tempos..
Abraço

Thiago Zanoni Neves "Pino" disse...

Nossa que style Jorge, não sabia que voce tinha sido o responsavel pela criação da marca, parabens mesmo uma grande iniciativa para a época e para toda a historia do skate brasileiro...
Agora poderia fazer uma força para ela voltar, com certeza causaria uma grande impacto no mercado brasileiro ...
Abraço